- O Homem e um sonho.
A conquista sempre impulsionou o homem, seja por guerras, terras,
países, mares e por final os ares. Na mitologia conta-se a história de Ícaro. Mas o
sonho de voar começou a dar seus primeiros passos por volta do ano 1250, quando
um frade inglês, Roger Bacon, sugeriu uma máquina voadora que bate as asas como
um pássaro, o Ortóptero. Em 1490, o vôo dos pássaros, também, influenciou uma das
pessoas mais inteligentes da época, que também tinha fascínio em conquistar esse
feito, projetou algumas máquinas voadoras, observando o ortóptero de Bacon;
descreveu o princípio do pára-quedas e também idealizou o helicóptero. Essa
personalidade foi Leonardo da Vinci.
O sonho de voar, começa a ser realidade, quando os brasileiros
entram na história, 2 séculos após. Em 1709, um padre , Bartolomeu Lourenço de
Gusmão, inventou o aeróstato, e na corte portuguesa fez demostrações com
miniaturas de balões. Os irmãos Montgolfier, aproveitando-se do princípio usado por
Bartolomeu de Gusmão, fizeram subir um balão de 32m de diâmetro, a uma altura de
300 m, em 1783.
Faltava resolver o problema da dirigibilidade. Agora entra na história
outro brasileiro, Augusto Severo, que em 1840, contruiu um balão semi-rígido dirigível,
que lhe conferiu a patente dos sistemas de dirigíveis. Mesmo assim a dirigibilidade,
não foi alcançada perfeitamente, onde aparece Alberto Santos Dumont com seu
projeto Balão N°6, que fez um vôo circundante da Torre Eifel em 1901.
Saindo do rol dos brasileiros um alemão, Otto Lilienthal, aparece na
história da aviação em 1891 com um novo feito, o planador. A partir daí só faltava um
agente que impulsionaria esse aerplano, o motor.
Novamente Albert Santos Dumont, BRASILEIRO, adptou um motor a
explosão ao seu novo projeto, o 14 BIS e conseguiu o feito da hitória da aviação
mundial, logrou êxito ao elevar-se a 80 cm do solo francês, percorrendo uma distância
de 100 metros a bordo do 14 bis, no dia 23 de outubro de 1906. Desta data em diante
o aperfeiçoamento destas máquinas magníficas nos trazem aos dias de hoje.
História da Aviação Civil Brasileira
A aviação iniciou-se no Brasil com um vôo de Edmond Plauchut, a 22
de Outubro de 1911. O aviador, que fora mecânico de Santos Dumont em Paris,
decolou da praça Mauá, voou sobre a avenida Central e caiu no mar, da altura de 80
metros, ao chegar à Ilha do Governador. Era então bem grande o entusiasmo pela
aviação. Na redação do jornal "A Noite", no dia 14 de Outubro, fundava-se o Aeroclube
Brasileiro, que em janeiro do ano seguinte teria sua escola de aviação. Aí, como
muitos outros, aprendeu a voar o primeiro ás da aviação brasileira, o capitão Ricardo
Kirk, que seria também o primeiro brasileiro a morrer em desastre de aviação, em 28
de fevereiro de 1915.
Em 17 de Junho de 1922, os portugueses Gago Coutinho e
Sacadura Cabral chegaram ao Brasil, concluindo seu vôo pioneiro, da Europa para a
América do Sul. E em 1927 seria terminada, com êxito, a travessia do Atlântico, pelos
aviadores brasileiros, João Ribeiro de Barros e Newton Braga, no avião "Jaú", hoje
recolhido ao Museu Ipiranga.
Iniciou-se a aviação comercial brasileira em 1927. A primeira
empresa no Brasil a transportar passageiros foi a Condor Syndikat, no hidroavião
"Atlântico", ainda com a matrícula alemã D-1012. Em 1929, a Nova Iorque - Rio -
Buenos Aires Line (Nyrba) iniciava o serviço aéreo entre essas duas cidades e o
Brasil, tendo sido fundada no Brasil a Nyrba do Brasil S.A., com linha semanal entre
Belém e Santos, e que se transformaria na Panair do Brasil, extinta em 1965.
A fundação do Aerolóide Iguaçú, com linha inicial São Paulo - Curitiba e logo se
estendendo a Florianópolis, marcou o ano de 1933. Em novembro de 1933 era
fundada por 72 empresários, a Viação Aérea São Paulo - VASP, que iniciaria em 1936
o vôo regular entre o Rio e São Paulo, a linha de maior tráfego da aviação brasileira.
A extensão do país e a precariedade de outros meios de transporte fizeram com que a aviação comercial tivesse uma expansão excepcional no Brasil.
Em 1960, o país tinha a maior rede comercial do mundo em volume de tráfego depois dos
Estados Unidos. Na década de 1950, operavam cerca de 16 empresas brasileiras,
algumas com apenas dois ou três aviões e fazendo principalmente ligações regionais.
Se destacava na Amazônia, a então SAVA S.A. - Serviços Aéreos do Vale Amazônico,
com sede em Belém, fundada pelo Comandante Muniz e que com a ajuda do seu
amigo e, futuro Brigadeiro e Ministro da Aeronáutica Eduardo Gomes conseguiu a
concessão presidencial para vôos regulares de passageiros e cargas.
Curso de Piloto Privado - Avião:
Na preparação de pilotos para a aviação civil, o curso de piloto privado - avião
(PP-A), embora não se destine à preparação profissional, constitui-se objeto de estudo
e padronização no âmbito do sistema de aviação civil, por se tratar de preparo básico
para os outros níveis da carreira, tais como piloto comercial e piloto de linha aérea.
Neste curso, será apresentado ao aluno 5 matérias básicas: conhecimentos
técnicos de aeronaves, meteorologia, navegação aérea, teoria de vôo - aerodinâmica,
regulamento de tráfego aéreo.
Requisitos para inscrição de candidatos ao curso de piloto privado:
a) idade mínima - 18 anos, a serem completados até a data do exame prático do DAC
para a obtenção da Licença de Piloto Privado - Avião. Entretanto, o candidato poderá:
cursar a parte teórica com 16 anos; iniciar o vôo com 17 anos devidamente autorizado
pelos pais; prestar o exame e obter a Licença de Piloto Privado para voar, com 18
anos completos;
b) Nível mínimo de escolaridade - 1° grau completo, realizado em estabelecimento de
ensino público ou privado devidamente autorizado.
Documentação:
No ato da inscrição, o candidato deverá apresentar os seguintes documentos:
Candidatos brasileiros: ficha de inscrição/matrícula preenchida; carteira de identidade
(maiores de 18 anos) ou certidão de nascimento (menores de 18 anos); comprovante
de conclusão do 1° grau ou equivalente; título de eleitor; CPF dos candidatos maiores
de 18 anos ou do responsável pelo candidato menor; certificado de reservista ou de
alistamento militar; e duas fotos 3 x 4 recentes.
Candidatos estrangeiros: ficha de inscrição/matrícula preenchida, comprovante de
conclusão do 1° grau ou equivalente; título de eleitor; duas fotos 3 x 4 recentes, além
do documento de identificação pessoal (passaporte ou registro nacional de
estrangeiro).
O que é ser um piloto de avião?
Piloto de avião é o profissional altamente capacitado que realiza vôos em aviões
extremamente seguros. O avanço da tecnologia fez com que várias funções dos
pilotos fossem substituídas. Na aviação comercial de passageiros principalmente, este
profissional tornou-se um supervisor de sistemas. Ele tem menos funções no sentido
de controlar o avião de momento a momento. Agora ele programa o computador,
determina parâmetros e monitora a automação. A profissão de piloto é uma das mais
cobiçadas dentro da aviação civil.
Quais as características desejáveis para ser um piloto de avião?
Para ser um piloto de avião é necessário que o profissional tenha um compromisso
com a segurança e se dedique muito aos estudos e treinamentos. Outras
características interessantes são:
- Responsabilidade
- Concentração
- Auto-controle
- Controle emocional
- Capacidade de trabalhar sobre pressão
- Capacidade de rápida adaptação às mudanças operacionais
- Capacidade de trabalhar em equipe
- Raciocínio rápido
- Raciocínio espacial
- Paciência
- Agilidade
- Comprometimento
- Disciplina
Qual a formação necessária para ser um piloto de avião?
Para ser um piloto de avião é necessário que o profissional escolha
entre a formação civil ou militar. Para a formação civil, há diversos aeroclubes e
escolas de pilotagem espalhados pelo Brasil que ministram cursos de piloto privado e
piloto comercial. No caso de piloto privado ou desportivo, basta ter o Ensino
Fundamental.
Já para seguir a carreira de piloto comercial, é preciso ter concluído o
Ensino Médio. Existem também algumas faculdades particulares que possuem o curso
de Ciências Aeronáuticas com ênfase em Piloto Comercial, que tem duração de três
anos e ainda está em fase de reconhecimento pelo MEC. Para seguir a carreira militar,
o profissional tem a possibilidade de cursar a Escola Preparatória de Cadetes do Ar,
prestando concurso no final da oitava série do Ensino Fundamental, ou participar do
vestibular da Academia da Força Aérea após concluir o Ensino Médio.
Para ser um profissional da aviação civil, o piloto deve ter no mínimo
o Ensino Médio completo, ter concluído os cursos de Piloto Privado e Piloto Comercial
e acumulado pelo menos 150 horas de vôo. A fluência na língua inglesa é desejável.
Um pré-requisito muito importante é a realização do exame médico todo ano, onde a
integridade física do piloto é atestada enquanto ele quiser voar.
O curso teórico de Piloto Privado tem a duração de quatro meses, e
o aluno deve acumular 35 horas de vôo em até dois anos. Após essa fase, ele tem de
freqüentar o curso de Piloto Comercial por mais quatro meses e acumular um total de
150 horas em até dois anos. A idade mínima para o aluno freqüentar as aulas é de 17
anos, mas ele deverá completar 18 anos para obter a licença de piloto privado e poder
voar sozinho. Para o piloto comercial, a exigência é ter, no mínimo, 18 anos.
O profissional que quiser ser habilitado como piloto comercial, deve
completar no mínimo 150 horas de vôo. Essa habilitação ou licença é adquirida
através do Departamento de Aviação Civil (DAC). O tempo de estudo depende da
rapidez com que o aluno realiza seus vôos de treinamento. Em média, leva-se de três
a quatro anos.
Principais atividades
- Realizar vôos privados ou comerciais
- Zelar pela segurança dos passageiros
- Realizar pousos e decolagens
- Fazer exames médicos todo ano
- Participar de treinamentos: regulamentos de tráfego aéreo, técnica de
equipamento (estudo dos sistemas do avião em que voamos), combate a
incêndios, primeiros socorros, cargas perigosas
- Receber e seguir orientações da torre de controle
- Trabalhar em equipe
Áreas de atuação e especialidades
O piloto de avião pode especializar-se em diferentes áreas: piloto
privado, comercial, de linhas aéreas, táxi-áereo dentre outros. A categoria que o
profissional escolhe seguir varia de acordo com sua habilitação. Abaixo alguns
exemplos:
- PP e PP-H - Piloto Privado e Piloto Privado de Helicóptero
- IFR - Vôo por Instrumento
- PC/IFR - Piloto Comercial/ Vôo por Instrumento
- PC/H - Piloto Comercial (helicóptero)
- Piloto Agrícola
- PLA/AV - Piloto Aéreo (avião)
- PLA/H - Piloto Aéreo (helicóptero)
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho para o piloto de avião está em expansão e a
remuneração é acima da média. É uma carreira que está em alta mas o sucesso desta
profissão depende muito da vocação, empenho e dedicação. Um mercado que está
criando ótimas oportunidades é o do táxi-aéreo, onde empresas aéreas possuem
aviões e helicópteros para fretamento (aluguel). Elas têm a mesma programação de
treinamento e segurança das grandes empresas aéreas.
Piloto Privado
Horas totais mínimas: 40 horas ou 35 em Escola homologada pela ANAC), das quais
no mínimo:
- Horas de instrução: 15 h (em curso homologado pela ANAC);
- Horas em vôo solo: 10 h (sob a supervisão de um instrutor);
- Horas em navegação solo: 5 h (no mínimo 270 km com pousos completos em pelo
menos 2 aeródromos diferentes) e/ou, abatendo no total de horas, no máximo:
- Piloto de Planador ou Motoplanador: 15 h (realizadas em motoplanador);
- Piloto de Helicóptero: 15 h (realizadas em helicóptero).
Objetivos do Curso PP.
A habilitação PILOTO PRIVADO-AVIÃO (PP-A) constitui o
primeiro degrau da carreira de piloto de avião e por isso mesmo, é de extrema
importância que todos aqueles que estiverem direta ou indiretamente
envolvidos com a instrução teórica e/ou prática do curso “Piloto Privado-Avião”
considerem que a formação desse piloto deve ser a mais completa possível.
É imprescindível não se perder de vista que a formação do
piloto privado-avião deve ser tratada como uma preparação basilar para a
ascensão aos demais níveis da carreira de piloto de avião, na medida em que o
objetivo final para a maior parte dos candidatos que buscam obter esta licença
é tornar-se profissional de carreira da indústria do transporte aéreo.
Devido a isso, o curso deve oferecer ao aluno, uma formação
eficaz baseada na segurança de vôo. Tais conhecimentos e a experiência
mínima necessária ao piloto-aluno devem levá-lo a se tornar capaz de conduzir
uma aeronave com segurança.
Instrução Teórica.
A parte teórica do curso é composta por uma palestra e dez
disciplinas, que se distribuem pelas três áreas curriculares:
regulamentações (ou legislações) que norteiam o funcionamento da aviação
civil, a formação do piloto privado-avião e a estrutura e o funcionamento do
sistema de Segurança de Vôo;
atividade de vôo, destinadas a desenvolver a capacitação funcional e a
preparação operativa (ou operacional) dos futuros PP-A; e
voltadas para a proteção e a preservação da saúde do piloto, ao mesmo tempo
em que o conscientizam e o preparam para agir com correção em situações
adversas, após a ocorrência de um sinistro, se as condições o permitirem.
A duração do curso será de 270 h divididas entre 5 matérias
Técnicas, que são primordiais ao vôo propriamente dito: Regulamentos de
Tráfego Aéreo, Navegação, Teoria de Voo e Aerodinâmica, Conhecimentos
Técnicos de Aeronaves e Meteorologia. 4 palestras básicas para iniciação ao
curso de piloto privado, conceituando Piloto Privado- Avião, A Aviação Civil,
Regulamentação da Aviação Civil e Segurança de Vôo.
Matérias horas
Como matérias complementares, serão apresentadas a
Medicina de Aviação e Combate ao Fogo em Aeronave.
Para a realização da parte teórica do curso, a escola deverá
contar com a participação de dois grupos de profissionais no processo de
ensino: o corpo técnico-pedagógico e o pessoal administrativo.
Esses últimos são os profissionais que realizam tarefas
burocráticas exclusivamente voltadas para a administração do ensino.
O corpo técnico-pedagógico reúne o diretor da escola e seu
substituto, os professores ou instrutores, o coordenador da instrução e o
pedagogo.
Essa estrutura deve ser entendida como básica para o
funcionamento da parte teórica do curso. A escola pode ampliar seu quadro
adicionando outros profissionais especializados, com o objetivo de melhorar a
qualidade da instrução, como é o caso de médicos, psicólogos, advogados e
técnicos especializados em aviação civil.
MATÉRIAS
Aviação Civil.
A disciplina é destinada a transmitir aos alunos a estrutura
sistêmica da aviação civil nacional e da internacional, indispensável à
compreensão das atividades da OACI e da ANAC em relação à segurança, à
economia e à eficiência do transporte aéreo, e pretende situar o aluno no
contexto em que vai atuar, caracterizando-o quanto à finalidade, estrutura e
funcionamento, abrangência e interação.
Essa disciplina deve ser desenvolvida antes das disciplinas da
área técnica, para permitir ao aluno compreender o contexto da aviação civil,
antes de trabalhar com conhecimentos que se inserem nessa conjuntura.
Regulamentação da Aviação Civil.
Depois de se apresentar aos alunos, através da disciplina A
Aviação Civil, uma visão panorâmica do Sistema de Aviação Civil e das
atribuições e responsabilidades normativas dos órgãos que o compõem, a
disciplina Regulamentação da Aviação Civil fornece as bases legais que
delimitam a prática da pilotagem elementar, com ênfase em disposições
contidas no Código Brasileiro de Aeronáutica e na NSMA 58-61 (RBHA 61).
Pretende, sobretudo, situar os direitos e deveres do piloto
privado-avião e informar quanto às implicações jurídicas que envolvem e, até
mesmo, precedem a prática da pilotagem.
Segurança da Aviação.
As atividades de aviação estão basicamente assentadas sobre
três pilares de sustentação: o homem, o meio e a máquina.
Através de conhecimentos relativos às condições humanas
para o vôo, às limitações materiais dos engenhos aéreos, às variações
meteorológicas e às regras de utilização do espaço aéreo, o aluno
compreenderá a importância da investigação e da análise dos acidentes
aéreos, bem como as suas diferentes causas, as quais resultam de fatores
contribuintes que se somam ou interligam até a ocorrência de uma situação
irreversível.
Sendo o objetivo final dessa disciplina criar no futuro piloto uma
mentalidade voltada para a prevenção, o enfoque básico da filosofia SIPAER e
dos padrões da OACI fornecerão ao aluno a compreensão geral da origem e da
necessidade imperiosa da aplicação das diferentes ações, medidas, normas,
recomendações e padronização das práticas e procedimentos destinados a
evitar os riscos potenciais de todo vôo.
Intrinsecamente relacionada às demais disciplinas do curso,
essa disciplina assume um caráter preponderantemente doutrinário, no sentido
de despertar e consolidar atitudes compatíveis com os objetivos da prevenção.
Conhecimentos Técnicos de Aeronaves.
Nessa disciplina busca-se dotar o aluno de conhecimentos
básicos sobre aeronaves, colocando-o em condições de identificar os
diferentes componentes das mesmas e descrever o respectivo funcionamento.
Assim, ela se caracteriza fundamentalmente:
a) pelo caráter descritivo das diferentes partes e peças que o
futuro piloto privado-avião deverá reconhecer visualmente; e
b) pelo aspecto dinâmico pertinente às funções, aos modos de
acionamento e de parada dos equipamentos, às influências derivadas do
funcionamento das diferentes partes da estrutura, aspectos esses cuja
compreensão o aluno deve manifestar através da descrição (oral ou escrita) ou
da interpretação (oral ou escrita) de gráficos e ilustrações.
Meteorologia.
A disciplina tem caráter doutrinário na preparação do piloto
privado-avião, uma vez que este, além de ter que conhecer os efeitos dos
fenômenos atmosféricos sobre o vôo, deverá valer-se das previsões
meteorológicas feitas pelos especialistas para elaborar corretamente o
planejamento do seu vôo. Para ajudá-lo a obter as informações e interpretar os
diferentes tipos de mensagem, o piloto privado deverá conhecer as
informações dos órgãos operacionais de Meteorologia Aeronáutica. Em vôo,
ele deverá estar capacitado para proceder em face dos efeitos de condições
meteorológicas adversas, de forma a evitá-los ou minimizá-los, conforme as
características e limitações da aeronave que estiver operando.
Teoria de Vôo e Aerodinâmica.
Também conhecida pela denominação de Aerodinâmica, tendo
como pré-requisito o domínio de assuntos abordados nas disciplinas
Conhecimentos Técnicos das Aeronaves e Meteorologia, essa disciplina expõe
ao aluno as ações de todas as forças naturais e dos fenômenos meteorológicos
que exercem influência sobre uma aeronave em vôo, bem como as prováveis
conseqüências dessas ações.
Se em Conhecimentos Técnicos das Aeronaves o aluno
aprendeu a conhecer uma aeronave sob a condição estática, obtendo uma
visão descritiva de suas diferentes partes e do respectivo funcionamento, em
Teoria de Vôo será a ocasião de receber uma visão dinâmica, supondo-se a
aeronave em vôo se encontrar sob a atuação das forças que influem em seu
deslocamento no ar, bem como dos esforços estruturais que ela sofre, sob o
comando do piloto, para executar o vôo. Em suma, o aluno vai aprender como
uma aeronave voa e as forças que atuam sobre ela.
As aprendizagens realizadas nas disciplinas citadas como prérequisitos
devem estar bem sedimentadas, para assegurar ao aluno a
assimilação dos numerosos conceitos e princípios da teoria de vôo.
Ao longo da disciplina, podem ser observados dois momentos
principais:
a) até a subunidade 6 (Esforços estruturais e fator carga)
predomina a teoria, com um acúmulo grande de informações a serem fixadas e
de princípios que exigirão real compreensão dos alunos; e
b) após essa subunidade, inicia-se a aplicação dos conteúdos
das sub-unidades anteriores, com menor número de conceitos novos, que se
articularão, mais tarde, com as habilidades psicomotoras a serem
desenvolvidas na prática de vôo.
Quanto à subunidade Conhecimentos Básicos de Física
(sub-unidade número 1 da unidade Anatomia do Vôo do Avião), é importante
que, antes de iniciar essa subunidade, o instrutor submeta os alunos a um préteste,
sem o objetivo de atribuir-lhes nota, com a finalidade de averiguar o nível
de seus conhecimentos.
Construído com base nos objetivos específicos da subunidade,
o pré-teste ajudará o instrutor a conhecer os alunos pelas dificuldades
reveladas e a desenvolver mais os assuntos pouco conhecidos pelos alunos,
passando mais rapidamente pelos já dominados.
Uma outra vantagem será a possibilidade de trabalhar com
grupos de alunos pelo tipo de dificuldade demonstrada.
A avaliação dos alunos nesse pré-teste deve ser rigorosa, pois
a sedimentação dos assuntos indicados é pré-requisito para o sucesso em
Teoria de Vôo.
Regulamentos de Tráfego Aéreo.
Ao primeiro contato com o conteúdo programático, observa-se
que essa disciplina reveste-se basicamente de duas funções:
a) informativa – pela qual o aluno fica sabendo quais são as
regras, sendo essa a função que salta à vista à simples leitura dos tópicos; e
b) doutrinária – pela qual o aluno se convence de que as regras
devem ser cumpridas; função não explicitada, porém inerente ao conteúdo, que
lhe confere valor e sentido.
Captar esses dois aspectos é essencial ao aluno. Fazer passar
a doutrina requer credibilidade do instrutor junto aos discentes; sua atitude no
trato das regras e no respeito às normas mostra-se fundamental para a
formação de uma postura séria e responsável do aluno, que demonstrará tal
postura quando aplicá-las corretamente na prática da pilotagem.
Essa atitude do instrutor é o primeiro fator de eficácia a ser
considerado na relação instrutor-aluno, com vista ao doutrinamento desejável,
tão proclamado entre os que lidam na área de instrução para a Aviação Civil.
A convicção de que as regras precisam ser cumpridas surge,
primeiro, da convicção que o próprio instrutor revela e que se solidifica à
medida que o aluno vai compreendendo os princípios e motivos (proteção de
pessoas e propriedades, prevenção de acidentes, em suma, segurança) pelos
quais as regras se impõem. Conhecer as normas é, pois, indispensável, mas
não suficiente; é preciso inscrevê-las num círculo mais amplo, de implicações
objetivas diversas e de conseqüências subjetivas mais profundas, em termos
de comportamento e atitudes.
Navegação Aérea.
Essa disciplina reúne informações provenientes de diversos
campos do saber, como, por exemplo, da Geografia, da Matemática, da Física,
da Meteorologia e da Teoria de Vôo, motivo pelo qual pode ser considerada
como um ponto de encontro, em que tais informações deverão ser conjugadas
para um correto planejamento de vôo e, posteriormente, para a execução
segura do vôo. Assim, nas diferentes subunidades didáticas, distribuem-se os
conhecimentos que confluirão no sentido de permitir ao futuro piloto prever e
estabelecer como deverá ocorrer o deslocamento orientado da aeronave, de
um ponto a outro da Terra.
A memorização de conceitos matemáticos básicos é
indispensável à aprendizagem de outros novos conceitos, que deverão ser
desenvolvidos em Navegação Aérea. O instrutor deve estar atento para essa
inter-relação, de modo a evitar a perda de tempo, tentando incutir no aluno
conceitos mais complexo quando ele não possui a fundamentação matemática
necessária.
Os conceitos matemáticos são uma revisão dos assuntos
tratados, em geral, no Ensino Fundamental e, por essa razão, devem merecer
atenção do instrutor que, certamente, encontrará grande heterogeneidade no
desempenho dos alunos. Talvez seja necessário fazer um pré-teste para
determinar que alunos precisarão de um reforço, antes de iniciar o
desenvolvimento da disciplina.
Ao longo do desenvolvimento da disciplina Navegação Aérea, a
de maior carga horária do curso, o aluno irá articular informações que
envolverão:
a) O meio (espaço físico ambiente) em que navegará;
b) Como se situar e se orientar em vôo;
c) Os detalhes de sua rota;
d) A quantidade de combustível; e
e) A relação velocidade/tempo/altitude.
No cheque para obtenção da licença de piloto privado estará
em destaque a sua capacidade de organizar metodicamente o vôo – foco
central dessa disciplina – aliado, evidentemente, à capacidade de operar com
segurança a aeronave, o que será exercitado na prática de vôo.
Medicina de Aviação.
As noções aqui inseridas fornecem ao aluno uma visão
simplificada:
a) Das condições inerentes ao vôo e de seus efeitos nocivos
sobre as condições psicofísicas das pessoas em vôo;
b) Das medidas de proteção contra os riscos potenciais das
condições específicas de vôo;
c) Dos hábitos salutares de vida para preservação da saúde e
da aptidão psicofísica indispensável à prática da pilotagem; e
d) Das técnicas de prestação de primeiros socorros e do uso
correto de equipamentos e demais recursos de atendimento em casos de
reação às condições de vôo, de perturbações psicofísicas durante o vôo, de
acidente aeronáutico e de transporte aéreo de feridos.
Em síntese, a disciplina deve levar o aluno à compreensão de
que as condições inerentes ao vôo provocam efeitos nocivos à saúde e de que
há necessidade de se adotarem medidas de proteção contra os mesmos.
Essa disciplina deverá ser ministrada por médico com curso de
especialização em Medicina Aeroespacial.
Combate ao fogo em aeronaves.
O fogo a bordo de uma aeronave em vôo é uma das mais
aterrorizantes condições de adversidade para qualquer piloto de avião, na
medida em que, mesmo depois de debelado o fogo, essa ocorrência induzirá o
piloto à realização de pouso imediato ou de emergência. Executando as
ocorrências de fogo no motor com a aeronave no ar (para as quais alguns
aviões são dotados de dispositivos de combate diretamente instalados nos
motores, o que, em geral, não ocorre nos aviões monomotores), o problema do
piloto privado consistirá em empreender ações que evitem a ocorrência de fogo
no solo ou no ar, dentro da cabine, onde o tempo de reação constituirá fator
decisivo.
Assim, essa disciplina tem uma dupla finalidade: desenvolver
uma mentalidade para a prevenção da ocorrência de fogo a bordo e preparar o
aluno para agir pronta e corretamente caso surja esse tipo de ocorrência
durante a realização de um vôo.
As aulas teóricas e os treinamentos práticos pertinentes a essa
disciplina deverão ser ministrados por especialistas no assunto, dotados de
comprovada experiência na instrução e no treinamento prático de combate a
incêndio em aeronave.
Instrução Prática.
A parte prática do curso de PP-A é, por sua vez, composta de
duas partes:
a) 1ª Parte: FAMILIARIZAÇÃO COM A AERONAVE DE
INSTRUÇÃO ou GROUND SCHOOL, constituída de:
- Instrução Técnica do Equipamento (Conhecimentos
Técnicos da Aeronave de Instrução) – Compreende a transmissão de dados
e conhecimentos técnicos referentes às características, ao funcionamento e à
operação da aeronave que será utilizada na realização da prática de vôo; e
- Instrução no Solo – Instrução realizada com a aeronave no
solo, que só deverá ser iniciada após a aprovação do aluno no teste relativo a
“Conhecimentos Técnicos da Aeronave de Instrução”, o qual abrange os
conhecimentos teóricos sobre a aeronave, transmitidos por ocasião da
instrução técnica do equipamento.
A Instrução no Solo consiste na preparação
do aluno para o vôo, através de práticas na aeronave de instrução, parada, e
com o auxílio e a orientação direta de um instrutor qualificado, que estará a
bordo da aeronave. O objetivo é ambientar o piloto-aluno à cabine de vôo pela
identificação, verificação, funcionamento, monitoramento e manuseio dos
mecanismos dos equipamentos de bordo, bem como pelo acionamento e pela
visualização da reação dos comandos (ou controles) de vôo da aeronave e
demais instrumentos que exijam manipulação. A critério da escola, durante
esta instrução no solo, com auxílio do instrutor, o piloto-aluno poderá exercitar
o taxiamento da aeronave.
b) 2ª Parte: PRÁTICA DE VÔO - Está estruturada em 03 (três)
fases distintas, de modo que o piloto-aluno desenvolva, de forma progressiva e
dentro dos padrões técnicos exigidos, a habilidade e a perícia necessárias à
condução de uma aeronave com segurança.
Matérias Horas
O corpo técnico de instrução de vôo deve ser constituído de
profissionais destinados a coordenar, supervisionar, ministrar e avaliar a
instrução de conhecimentos técnicos, de treinamento com o avião no solo e a
prática de vôo propriamente dita.
Por essas tarefas, esse corpo é composto de:
Coordenação da Instrução; e Corpo de instrutores de vôo.
Essa estrutura é obrigatória para todas as escolas que venham
a requerer homologação ou que já tenham obtido homologação da parte prática
do curso de PP-A.
Da mesma forma à adotada para a parte teórica, na parte
prática, as escolas poderão contar, com o concurso de profissionais
especializados, que possuam experiência em outras áreas da aviação civil,
também objetivando melhorar a qualidade da instrução de vôo.
As Missões de Instrução.
A partir dos primeiros contatos com o piloto-aluno, o instrutor
de vôo deverá orientá-lo para uma preparação individual bem apurada que o
predisponha a iniciar cada missão de instrução com absoluta convicção de
sucesso. Para obter êxito é necessário que o piloto-aluno faça um
planejamento do seu vôo a partir de conhecimentos já adquiridos e
memorizados, isto é, considerará todos os exercícios de pilotagem envolvidos
no cumprimento da missão, que começa com a verificação completa dos
documentos do avião, em termos de validade, atualização e reais condições da
aeronave para o vôo.
Daí por diante, ele deverá seguir a seqüência lógica de
preparação da aeronave e, com especial atenção, mentalizar os procedimentos
operacionais relativos a regimes do motor (RPM) e velocidades, os quais serão
utilizados ou mantidos nas configurações de decolagem, de subida, de vôo
cruzeiro e na execução dos exercícios básicos da missão. Deverá mentalizar,
também, as velocidades relativas aos procedimentos de descida, de tráfego, de
aproximação, de pouso etc., até o “abandono” do avião.
Dentro da seqüência da missão, ele deverá orientar sua
preparação para o vôo, buscando também mentalizar todos os dados e as
referências de que precisará sobre o aeródromo para taxiar o avião até a
cabeceira da pista, decolar, sair da zona de tráfego e atingir a área de
instrução, bem como mentalizar o retorno para o tráfego do aeródromo, isto é,
verificar a pista em uso e as referências que utilizará para realizar circuito de
tráfego padrão e o pouso.
Briefing e Debriefing.
Antes de iniciar cada missão de vôo, o instrutor deverá,
obrigatoriamente, fazerum briefing (preleção), momento em que explanará,
detalhadamente, como transcorrerá a referida missão, desde o apronto inicial
até o encerramento completo do vôo. Colocando em ordem cronológica as
diversas fases da missão, o instrutor explicará minuciosamente as técnicas
corretas de execução de cada exercício e os erros mais comuns ou suscetíveis
de serem cometidos pelo piloto-aluno.
É extremamente importante, todavia, que, antes de descrever a
execução completa do exercício, o instrutor, primeiramente, solicite ao pilotoaluno
que decline a padronização prevista no manual sobre cada exercício
básico da missão.
O briefing é também o momento ideal para que o piloto-aluno
tire todas as suas dúvidas. Nele deverá ser retratado tudo o que ocorreu
durante a realização da missão, desde a sua preparação até a parada final do
motor.
Ainda dentro da seqüência lógica do vôo, a preparação deverá
incluir os procedimentos de comunicação com os órgãos de controle de tráfego
aéreo, tanto por meio de sinalização visual, quanto por comunicações
radiotelefônicas, conforme o caso.
O piloto-aluno deverá ser capaz de identificar o significado da
sinalização luminosa que vier a receber em terra e no ar e saber as freqüências
que deverão ser utilizadas nas transmissões radiotelefônicas, assim como
treinar o uso da fraseologia padronizada nas comunicações entre a aeronave e
órgãos de controle de tráfego aéreo. Por fim, o piloto-aluno deverá ser
orientado sobre os procedimentos que deverão ser totalmente memorizados
para sua correta execução no devido tempo.
Após o encerramento do vôo, o instrutor deverá proceder aos
comentários de pós-vôo (ou debriefing), nos quais ele fará um retrospecto de
toda a instrução realizada, seguindo, praticamente, o mesmo caminho do
briefing, mas indicando, agora, os erros e os acertos.
O debriefing será encerrado com o aluno recebendo o conceito
relativo à avaliação do seu desempenho, bem como as recomendações a
serem seguidas para evitar a repetição dos erros cometidos e/ou se prevenir
contra erros futuros.